OVAR COM TIMOR - Fórum Cívico de Ovar [Parte 1]

Ovar, 26 de Maio de 2009
Joaquim Castro
Redacção Ovar Novos Rumos
(joaquimdecastro@gmail.com)

PARA QUE O POVO DE OVAR RECORDE ESTA LUTA QUE FOI GANHA 

Em Novembro de 1991, dias depois do massacre do Cemitério de Santa Cruz, em Díli, no qual muitas dezenas de timorenses foram mortos pelas balas das tropas ocupantes da Indonésia, um grupo de cidadãos do concelho de Ovar agiu com determinação. Este grupo, após reunião na sala de conferências da Residencial S. Cristóvão, em Ovar, decidiu avançar com a criação do Fórum Cívico de Ovar “Por Timor”.

A Câmara Municipal, presidida por José Guedes da Costa, as Juntas de Freguesia, os artistas vareiros, as empresas, escolas e colectividades do concelho, a Paróquia de Ovar e muita gente anónima juntaram-se ao Fórum Cívico, todos “Por Timor”. Durante meses a fio, esse grande movimento desenvolveu dezenas de iniciativas, sob o lema “TIMOR: TÃO LONGE E TÃO PERTO!”, tanto a nível nacional, como a nível internacional, denunciando os crimes praticados pelo governo Indonésio e apoiando as acções da Resistência Timorense. 

No dia 21 de Novembro de 1992, o Fórum Cívico de Ovar, após difíceis negociações, consegue juntar à mesma mesa, pela primeira vez, vários líderes timorenses, com destaque para José Ramos-Horta, Paulo Pires, Zacarias Costa e Vicente Guterres. Tendo como pano de fundo a prisão, dias antes, de Xanana Gusmão pelos indonésios, o salão nobre da Câmara Municipal de Ovar foi o palco desse grande acontecimento político, acompanhado por um numeroso grupo de jornalistas, em representação de jornais, rádios e televisões.

Ao meio-dia de 12 de Dezembro de 1996, Carlos Filipe Ximenes Belo, bispo de Díli, e José Ramos-Horta, vice-presidente da Resistência Timorense, entravam solenemente no Salão Nobre da Câmara Municipal de Oslo, para receberem o Prémio Nobel da Paz de 1996, numa cerimónia cheia de pompa e circunstância. 

Quando, na cerimónia, surgiu na televisão o grupo de danças e cantares timorenses “Tata-Mai-Lau” a entoar as suas canções, foi possível vislumbrar nas violas do grupo dois autocolantes. Dois símbolos da nossa solidariedade, dois autocolantes onde estava escrito: “POR TIMOR – FÓRUM CÍVICO DE OVAR”. Entre estas duas pequenas frases, o mapa de Timor e uma cruz a jorrar sangue.

Aqueles símbolos da indignação dos ovarenses foram entregues ao grupo “Tata-Mai-Lau” quando actuou no nosso concelho, em 14 e 15 de Agosto de 1993: em Esmoriz, na Igreja Matriz de Ovar, durante a Missa, e no Furadouro. Todo aquele acto, a entrega do Prémio Nobel da Paz, simbolizava uma mudança histórica, na forma como a comunidade internacional, passava a olhar para a situação de Timor-Leste.
 
Grupo Tata-Mai-Lau na rua de Timor Durante a Missa na Igreja Matriz (Ovar) O Símbolo da luta que correu Mundo

O grupo do Fórum Cívico de Ovar que trabalhou em defesa do povo de Timor

Com o receio de esquecer alguém, lembramos os nomes daqueles que, integrando o Fórum Cívico de Ovar, lideraram as acções a favor de Timor-Leste: Álvaro Teixeira, Joaquim Castro, Aníbal Gouveia, Vítor Ferreira, padre Pires Bastos, Domingos Silva, Silvério Araújo, Ângelo Ferreira, Pedro Oliveira, José Fragateiro, Manuel Barbosa, Oliveira Santos, José Américo, Esmeralda Souto e Ângela Castro.


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