Timor, Um dia de Paz!

TML / Dalia Kiakilir Agostinho
Oxford, 02 de Junho de 2013









As ideias nascem pequenas como luzes minúsculas na noite, ou como estrelas na noite cerrada, que simbolizam a esperança e a crença por um dia de Paz!

Elas induzem um destino, com harmonia, sabedoria e desejo. Quando uma ideia cresce, o pensamento ilumina o nosso ser e com ela a obra se multiplica. Foi sempre esta a lógica e a explicação que colhi desde os meus primeiros momentos de vida, sendo que nasci numa cultura única e encantadora e com ela me envolvi e me fiz mulher, ate hoje ainda não me consegui afastar desta experiência única, marcadora e arrebatadora. 

Em 1984 ao chegar a Portugal presenciei através dos meus pais, actos e  obras de solidariedade pela minha terra natal "Timor", uma terra longínqua situada na parte oriental do globo precisamente no Sudeste Asiático. Desde então nasceu um grupo Cultural de danças e cantares com o nome Tata Mai Lau e com este grupo o inicio de décadas de luta por uma causa e por um povo.  

Ainda no inicio não me tinha apercebido das verdadeiras razões pelo qual tão firme dedicação dos meus pais, com o passar do tempo fui me apercebendo de que a realidade em Timor era uma realidade sofredora e fria, uma realidade silenciada pelos que tanto queriam apodera-la pela ganancia da conquista e do poder.

Sendo que em Timor a liberdade de movimento e de expressão era nula, (pela invasão brutal da Indonésia) , a necessidade de divulgar e apresentar Timor ao mundo tornou-se uma prioridade. 

Aproveitando a cultura timorense, mensagens de apelo ao mundo foram passadas, mensagens de que Timor Existe e que os Direitos Humanos jamais existiram desde a invasão da Indonésia em 1975. Aproveitando também as varias actuações do grupo Tata Mai Lau dentro de Portugal e outros Países, assim como , Luxemburgo, Suiça  Holanda, Franca, Itália, Estados Unidos da América  Noruega, etc desde 1984 os meus pais sentiram que desta forma, (mesmo estando longe do Pais) estariam a contribuir para a luta pela Libertação  Direitos Humanos e Paz em Timor.


"A nossa guerra é a arte de conviver com o inimigo"

Esta imagem de Xanana Gusmão (COMANDANTE EM CHEFE DAS FALINTIL e LÍDER MÁXIMO da RESISTÊNCIA (CNRT)) mais procurado pela Indonésia  foi uma das imagens mais conhecidas e percorridas na altura, utilizada em manifestações  encontros, debates entre toda a comunidade timorense no estrangeiro no intuito de divulgar a verdadeira causa da luta do Povo Timorense pela Independência! 

Depois de longa data de luta, depois da morte de Nicolau Lobato apareceu Xanana Gusmão  numa altura em que a guerrilha timorense já era enfraquecida pela intensidade operacional das forcas da indonésia  numa altura em que para os lideres timorenses não tinha esperança, Xanana Gusmão foi obrigado a encontrar uma solução rápida e eficaz para Timor e reestruturar e reorganizar a Luta de uma outra forma.

Xanana Gusmão foi Homem quem transformou a LUTA em território de uma Guerrilha Armada para Resistência com o lema da luta RESISTIR É VENCER, Foi Xanana quem mudou a estratégia de luta em todas as frentes com uma guerrilha mais urbana e uma táctica mais clandestina, principalmente, induzindo a aproximação (através jovens e estudantes da resistência)  com a Indonésia ao que se chama a indonesianização do conflito de Timor. E, desta vez com o lema "Resistir é Vencer" Xanana definiu assim "A nossa guerra é a arte de conviver com o inimigo", "fight smarter not harder".

"for their work towards a just and peaceful solution to the conflict in East Timor"

Esta luta do povo Timorense foi reconhecida pelo Comité Nobel da Noruega em 1996 entregue no dia 10 de Dezembro (há 16 anos atrás  a José Ramos Horta e ao Bispo Dom Ximenes Belo uma vez que Xanana Gusmão encontrava-se retido em Cipinang/Indonésia.

"Este ano, o prémio Nobel da Paz é entregue a dois laureados, Carlos Filipe Ximenes Belo e José Ramos-Horta, que trabalharam incansavelmente, e com grande sacrifício pessoal, para o seu povo oprimido. Em condições extremamente difíceis, eles preservaram a sua humanidade e fé no futuro. É com admiração do seu trabalho e na esperança de um futuro melhor para Timor Leste que Nobel da Noruega homenageia hoje com o Prémio Nobel da Paz de 1996." The Nobel Prizes 1996, Editor Tore Frängsmyr, [Nobel Foundation], Stockholm

Uma nova esperança para todo o Povo, uma nova visão  Uma nova porta abriu-se para a nossa causa, significa que a causa da luta do povo timorense já não era uma luta adormecida (ou uma luta esquecida) e que o sofrimento, o sangue derramado as vidas perdidas não haviam sido em vão.

E para o nosso grupo Tata Mai Lau, a oportunidade de contribuir e participar mais uma vez num evento importante para a nossa Terra, marcando a nossa presença na cerimónia da entrega do Prémio Nobel da Paz a 10 de Dezembro de 1996 em Oslo/Noruega a José Ramos Horta e ao Bispo Dom Ximenes Belo, foi registado como mais uma missão cumprida sentimos que de facto todos juntos conseguimos reunir e fazer chegar a mensagem da Causa Timorense ao mundo e com isso mover ondas de solidariedade. E sim, que é  verdade, a União faz a Força.

As ideias nascem pequenas como luzes minúsculas na noite, ou como estrelas na noite cerrada, que simbolizam a esperança e a crença por um dia de Paz!

São ideias brilhantes que nascem naturalmente, e que se multiplicam mais ainda quando estamos numa situação de desespero, angustia em que a necessidade e a aspiração pela Paz fala mais alto! Foi este o sentimento de um Povo Invadido e Esquecido aos olhos do mundo. 

Mas não adormecidos e com determinação hoje Timor já é um Pais Livre e Independente!


TML/Fim